A ONG Conselho Cidadão pela Seguridade Social Pública e Justiça Penal, do México, divulga, anualmente, o ranking das 50 cidades mais violentas do mundo. Infelizmente, na lista lançada este mês e que se refere a 2013, o Brasil figura entre as nações com mais representantes: são 16 cidades. Porém, a própria entidade reconhece que boa parte dos dados são apenas projeções. Neste caso, se for feito um exercício semelhante trazendo-o para a nossa realidade, o bairro Nova Santa Marta também faria parte dessa triste classificação, chegando ao posto de segunda cidade mais violenta do mundo.
De uma forma geral, especialistas e pesquisadores em segurança pública são taxativos em atribuir à robusta expansão das atividades relacionadas ao tráfico de drogas em todo o território nacional como a principal causadora das mortes. Essa é uma perspectiva presente também no dia a dia dos moradores de regiões de periferia. Ao longo da série de reportagens especiais sobre a Nova Santa Marta, repetidas vezes, moradores e líderes comunitários relataram que os pontos de vendas de drogas aumentam dia após dia na comunidade.
No entendimento de Rodrigo de Azevedo, sociólogo e professor do programa de pós-graduação em Ciências Criminais da PUCRS, isso vem realmente acontecendo, pois a atividade criminosa que, até pouco tempo era exclusividade dos grandes centros, ocupa espaço em cidades menores, como Santa Maria.
- Tem havido uma interiorização deste tipo de crime. E o tráfico de drogas resulta em acerto de contas e disputa por territórios - diz Azevedo.
A sensação se reflete em números. Em todo o ano de 2008, foram registrados dois homicídios no bairro. Esse número subiu para sete mortes no ano passado. Ou seja, em seis anos, o número de crimes contra a vida triplicou no bairro. Na quarta-feira, no 36º dia do ano, Santa Maria já somava nove assassinatos. Destes, três aconteceram na Nova Santa Marta e, segundo a Polícia Civil, todos possuem relação com o tráfico de drogas.
É importante ressaltar que, em parte dos casos analisados pela ONG, os números são referentes às regiões metropolitanas e não aos municípios. Além disso, a pesquisa considera cidades com mais de 300 mil habitantes. Porém, a finalidade de contabilizar dados de crimes por 100 mil habitantes é justamente permitir a comparação entre locais com diferentes tamanhos de população, neutralizando o crescimento populacional, permitindo a comparação a médio e longo prazos. E é nesse contexto que os números da ONG, apesar de resultarem em uma projeção pessimista, servem de alerta às autoridades.
Parlamentar pede posto policial no bairro
Coincidentemente ou não, após o Diário publicar uma série especial sobre a Nova Santa Marta, as primeiras medidas para devolver a tranquilidade daquela comunidade começam ser tomadas pelas autoridades. Ontem, o vereador Marcelo Bisogno (PDT) protocolou um requerimento no Legislativo pedindo a instalação de um posto policial no bairro. Segundo o parlamentar, ele pretende entregar o documento, no máximo até amanhã, pessoalmente aos comandos da Polícia Civil e Brigada Militar.
- Temos sido procurados diariamente pela comunidade que está bastante apreensiva com o número de mortes, e essa é uma resposta que podemos dar. Só a presença de um posto da polícia deve reduzir em 40% e 50% as criminalidades no bairro. A presença física do policial, assim como havia em outros bairros anos atrás, impõe respeito. As polícias têm cumprido o seu papel. Mas hoje, a demanda é tão grande que se não tomarmos uma atitude, perderemos o controle - argumenta Bisogno.
OS DADOS
- Dados de ONG Conselho Cidadão Para Seguridade Social, Pública e Justiça Penal, do México, que, anualmente, divulga o ranking das cidades mais violentas do mundo, assustam. Se comparados a números locais, e se o bairro Nova Santa Marta fosse uma cidade, seria a segunda do mundo. Apesar de uma projeção muit"